Nós nos conhecemos, depois de algum tempo nossa amizade se
tornou verdadeira e significativa. Eu podia contar com você não só nos momentos
de alegria, mas nos de tristeza também. Nossa amizade era bem longa, e a gente
não se lembrava como se conheceu. Tínhamos aquela amizade com as meninas e com
os meninos, sem preconceitos, compartilhada e saudável.
Era uma amizade sem interesses, um tinha o braço forte do
outro. E quando eu estava triste ou com raiva você ficava ao meu lado, me dando
conselhos com suas palavras calmas ou apenas em silêncio. Na maioria das vezes
eu gritava com você e te mandava embora, mas você nunca ia, esperava eu me
acalmar e colocava a mãe sobre o meu ombro. Depois de um longo tempo em silêncio,
a gente se encarava e do nada começava a rir até ficar sem fôlego. Nós
parávamos pra recuperá-lo e nos perguntávamos o motivo dos risos, sem resposta,
eu voltava a rir porque você sempre fazia uma cara muito engraçada e você ria
também, porque achava minha gargalhada hilária. Você podia chorar sem ter
vergonha de parecer fraco, pois muitas das vezes eu também chorava me machucava
muito te ver magoado.
Conversávamos muito sobre tudo, principalmente sentimentos.
Eu ouvia tudo que você queria falar, queria poder te ajudar sempre e você
também me ajudava. Quando eu tinha dúvidas eu corria pra contar a você que me
abria os olhos diante da realidade. Você me divertia e demonstrava que me amava
e o quanto eu era especial, mesmo eu sendo chato. Eu queria te odiar por ser
egoísta e ciumento, mas eu não conseguia. Algumas vezes eu te olhava sacava na
hora que nada estava bem, por mais que você mentisse, eu te pressionava até
você me contar a verdade. Eu só queria ser aquele “amigo de todas as horas” que
você era pra mim.
A nossa amizade teve muito amor, sem precisar ser romance,
mas teve aquela despedia doída também, que me deixou muitas cicatrizes. Então a
gente se separou e agora eu sinto saudades de todas as conversas jogadas foras,
das descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e
momentos que compartilhamos. Eu sinto falta dos momentos de lágrima, da
angústia, das vésperas de finais de semana.
Sempre pensei que as
amizades continuassem para sempre, hoje não tenho mais tanta certeza disso. Cada
um foi pra seu lado, talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe. Ainda
podemos nos telefonar, conversar algumas bobagens. Mas os dias vão passar,
meses, anos. Até este contato raro tornar-se nada. A gente se perdeu no tempo. A
saudade apertar bem dentro do peito. Me dá uma vontade de ligar, ouvir aquela
voz novamente.
Um dia nós vamos nos reunir para um último adeus de um amigo.
E entre lágrima nos abraçaremos, faremos promessas de nos encontrar mais vezes
daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a
viver a sua vida isolada do passado.
“Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem
morrido todos os meus amores... Mas enlouqueceria se morressem todos os meus
amigos”.
IDADE: 15 ANOS CIDADE:
TUPARETAMA-PE