
O meu silêncio sempre aumenta quando a noite vem, a saudade sufoca, as vontades que insisto em esconder durante o dia aparecem, mas você ainda não voltou. Noites iguais a essa começam cedo e demoram pra terminar, mas no fundo, isso pouco importa. Acho que me incomodaria mais se elas voassem, porque me sustento nas suas lembranças, mesmo que em alguns momentos elas não me perdoem. Passo horas imaginando se você está bem e com quem está, e se esse alguém sente tudo o que eu sinto por você. Se ele te aquece bem no inverno e se te leva pro teatro aos sábados, se queima seu brigadeiro como eu queimo e se divide o sorvete com você. Talvez ele te empreste a camisa assim como eu emprestava e talvez ela ainda não caiba tão bem. Fico pensando, se ele tem todo o amor que tenho, que guardo até um reencontro, que ofusco e que finjo não sentir às vezes. Mas sabe, eu sinto, e é esse problema. Talvez agora fosse o momento pra te implorar pra voltar, dizer que reformei o apartamento, que comprei um carro novo e que te levarei pro trabalho todas as manhãs, me jogar aos seus pés e dizer que é ruim sem você… O café, o almoço, o jantar, não sei, que tudo é ruim sem você. Mas o que mudaria? O que eu teria como certeza? Um “até mais” prolongado? Não te peço muito, só te peço que volte um dia. Um, dois anos, leve o tempo que precisar, mas volta. E quando isso acontecer você vai ver nosso passado refletido nos meus olhos, o nosso presente no porta retrato ao lado da cama, e o nosso futuro… Bom, e o nosso futuro nas lamentações que insisto em fazer todos os dias, enquanto você não está.
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